“Estava mais do que na hora de chegar ao Brasil um tema que está ganhando o mundo. A sociedade contemporânea, cada vez mais atenta à necessidade de assegurar o primado da igualdade, precisa romper com o ranço conservador que ainda coloca o homem na posição de provedor da família e a mulher como responsável exclusiva pelos cuidados para com a prole. Divisão que se reflete quando finda a convivência dos genitores: ao pai é imposto somente o dever de pagar alimentos e visitar os filhos esporadicamente, enquanto a mãe arca com todo o resto. Uma realidade que precisa acabar. Claro que não pode ser atribuído à justiça definir a forma de convívio que melhor atende ao interesse quer dos pais, quer dos filhos. Para isso é necessária uma disponibilidade de tempo que os magistrados não têm, de modo a atender às peculiaridades de cada estrutura familiar com suas especificidades. Daí o propósito deste pioneiro e minucioso estudo das expoentes nas áreas de psicologia e mediação Ana Gerbase, Elsa de Mattos e Marilene Marodin. Trazendo subsídios das ciências psicossociais, o livro evidencia a necessidade de garantir uma convivência harmônica entre os genitores de modo a assegurar o exercício do poder familiar de maneira equilibrada. Para isso é necessário qualificar profissionais para acompanhar os pais na elaboração de um plano de parentalidade. A capacitação de profissionais para o desempenho dessa sensível tarefa é a forma mais eficaz de buscar o exercício colaborativo das funções parentais, de modo a garantir o pleno desenvolvimento dos filhos em um ambiente saudável. Não há outro caminho para assegurar efetividade ao comando constitucional e legal que atribui a ambos os pais iguais direitos e deveres para com os filhos”.

Maria Berenice Dias (Advogada)